domingo, 3 de março de 2013

ESCOLA ESTADUAL MANOEL GOMES

  A Escola Estadual Manoel Gomes está organizada em Ciclos de Formação Humana e tem por essência o compromisso com a formação para além da mera aquisição de conhecimentos sistematizados, devendo incluir no seu currículo as dimensões psicológicas, biológicas e culturais.
Nesse processo, são fundamentais tanto as experiências que possibilitem a construção e reconstrução de saberes, valores e atitudes, como também a construção de conceitos, da linguagem e de estruturação do pensamento.
É interessante porque a própria política traz em si, uma organização que possibilita a inclusão de todos os alunos começando com a estruturação do ensino fundamental em nove anos. Onde os alunos são enturmados por faixa etária, isto é por idade. Facilitando com isso, o trabalho dos profissionais e das profissionais em sala de aula. 
Neste ano, fizemos essa organização na Escola Manoel Gomes e alguns alunos que estavam com idade defasada, foram promovidos e enturmados conforme sua idade. Muitas dúvidas surgiram por parte de pais e até mesmo de profissionais.
Explica-se então, a função do professor regente, o por quê da existência da professora de Articulação. Esta deve oferecer apoio pedagógico para que os alunos e as alunas que apresentam desafios de aprendizagem superem suas dificuldades.
E por sinal, a Escola Estadual Manoel Gomes promete... Pois a professora Bildinete, está com a sala arrumadinha aguardando ansiosa seus alunos e suas alunas. Ela pretende desenvolver atividades de alfabetização, de letramento e ações que desenvolvam a auto confiança e elevam a auto estima dessas pessoas.

 Para esse trabalho, a professora Bildinete juntamente com a equipe escolar planejou uma aula inaugural com o intuito de receber os alunos e alunas que foram enturmados e os que apresentam desafios de aprendizagem, ao qual chamamos de alunos e alunas contemplados com aulas gratuitas de reforço.


Alguns dos fundamentos da Escola Organizada por Ciclos de Formação
Eixo Central da concepção
- A formação global
 - O direito a formação como sujeitos
   - A aprendizagem significativa
Com esse compromisso é que a Escola Manoel Gomes está preocupada, por isso, diretora, coordenadora pedagógica, secretário e toda a equipe escolar está unida e empenhada, pois superar as rígidas séries e o índice de repetência é oferecer um ensino de qualidade com competência e acima de tudo com muito amor. 


Vale ressaltar que, para o êxito da proposta, não basta, automaticamente, transformar as séries em ciclos. A mudança só ganha corpo e realmente revoluciona a partir de um repensar de antigas formas de currículo, avaliação, relação entre professores e estudantes. Entre outros aspectos que traduzem a busca cotidiana de mais qualidade no ensino a partir da transformação da escola, currículo, e consequentemente, do processo avaliativo de caráter classificatório e excludente, marcado pela aprovação x reprovação ao final de cada série, em um processo inclusivo, interativo e de promoção dos sujeitos. Nesse pensar é que se atribui a função da professora Bildinete.



 A professora Bildinete preparou tudo com muito carinho porque reconhece que seu objetivo principal é promover uma educação responsável, democrática e de qualidade, onde “todos os alunos devem aprender”.  Trabalhamos um ciclo de formação humana e não de conhecimento científico. 


 Então a escola propõe à professora Bildinete e à equipe escolar, vamos arregaçar as mangas, vamos nos unir para essa transformação, podemos juntos, provar que a nossa Escola faz a diferença porque somos todos responsáveis, competentes e capazes... Ao invés de criticar a organização da escola vamos acreditar, estudar mais para conhecê-la, defendê-la e mostrar bons resultados.
Tendo em vista os pressupostos acima citados, bem como o Parecer Orientativo da Escola Organizada por Ciclos de Formação Humana em Mato Grosso, a Equipe.
E nós, equipe gestora acreditamos que a professora Bildinete é a pessoa certa, escolhida por Deus para assumir esse desafio por mais um ano...


Parabéns, professora Bildinete e Sucesso na sua jornada...
               

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

PRIMEIRO DIA DE AULA NA ESCOLA MANOEL GOMES

Uma acolhida especial para pessoas especias.

A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. 
E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria.

DINÂMICA O PRESENTE

OBJETIVO: trabalhar a atenção, a observação, o desapego, a sinceridade, a emoção de dar e repartir um bem recebido, demonstrando o intuito de construir 
um mundo mais solidário, mais humano.


1. PARABÉNS!Você tem muita sorte. Foi premiado com este presente. Somente o amor e não o ódio é capaz de curar o mundo. Observe os amigos em torno e passe o presente que recebeu para quem você acha mais ALEGRE.


2. ALEGRIA! ALEGRIA!Hoje é festa, pessoas como você transmite otimismo e alto astral. Parabéns, com sua alegria passe o presente a quem acha mais INTELIGENTE.



3. A inteligência nos foi dada por Deus. Parabéns por ter encontrado espaço para demonstrar este talento, pois muitas pessoas são inteligentes e a sociedade, com seus bloqueios de desigualdade, impede que eles desenvolvam sua própria inteligência. Mas o presente ainda não é seu. Passe-o a quem lhe transmite PAZ.


4. O mundo inteiro clama por paz e você gratuitamente transmite esta tão grande riqueza. Parabéns! Você está fazendo falta às grandes potências do mundo, responsáveis por tantos conflitos entre a humanidade. Com muita Paz, passe o presente a quem você considera AMIGO.

5. Diz uma música de Milton Nascimento, que "amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito, dentro do coração". Parabéns por ser amigo, mas o presente. . . ainda não é seu. Passe-o a quem você considera DINÂMICO.

6. Dinamismo é fortaleza, coragem, compromisso e irradia energia. Seja sempre agente multiplicador de boas idéias e boas ações em seu meio. Parabéns! Mas passe o presente a quem acha mais SOLIDÁRIO.

7. Parabéns! Você prova ser continuador e seguidor dos ensinamentos de CRISTO. Solidariedade é de grande valor. Olhe para os amigos e passe o presente a quem você considera ELEGANTE (bonito, etc...).

8. Parabéns! Elegância (beleza, etc...) completa a criação humana e sua presença torna-se marcante, mas o presente ainda não será seu, passe-o a quem você acha mais OTIMISTA.

09. Otimista é aquele que sabe superar todos os obstáculos com alegria, esperando o melhor da vida e transmite aos outros a certeza de dias melhores. Parabéns por você ser uma pessoa otimista! É bom conviver com você, mas o presente ainda não será seu. Passe-o a quem você acha COMPETENTE.

10. Competentes são pessoas capazes de fazer bem todas as atividades a elas confiadas e em todos os empreendimentos são bem sucedidas, porque foram bem preparadas para a vida. Essas são pessoas competentes como você. Mas o presente ainda não é seu. Passe-o a quem você considera CARIDOSO.

11. A caridade é como diz São Paulo aos Coríntios: "ainda que eu falasse a língua dos anjos, se não tiver caridade sou como o bronze, que soa mesmo que conhecesse todos os mistérios, toda a ciência, mesmo que tomasse a fé para transportar montanhas, se não tiver caridade de nada valeria. A caridade é paciente, não busca seus próprios interesses e está sempre pronta a ajudar, a socorrer. Tudo desculpa, tudo crê, tudo suporta, tudo perdoa". Você que é assim tão perfeito na caridade, merece o presente. Mas mesmo assim, passe o presente a quem você acha PRESTATIVO.

12. Prestativo é aquele que serve a todos com boa vontade e está sempre pronto a qualquer sacrifício para servir. São pessoas agradáveis e todos se sentem bem em conviver. Você bem merece o presente. Mas ele ainda não é seu. Passe-o a quem você acha que é um ARTISTA.

13. Você que tem o dom da Arte e sabe transformar tudo, dando beleza, luz, vida, harmonia a tudo que toca. Sabe suavizar e dar alegria a tudo que faz. Admiramos você que é realmente um artista, mas o presente ainda não é seu. Passe-o a quem você acha que tem FÉ.

14. Fé é o dom que vem de Deus. Feliz de você que tem fé, pois com ela você suporta tudo, espera e confia porque sabe que Deus virá em socorro nas horas difíceis e poderá ser feliz. Diz o salmo 26 " O Senhor é a minha luz e minha salvação, de quem terei medo?" Se você acredita e espera tanto de Deus, sabe também esperar e ter fé nos homens e na vida e assim será feliz. Mas o presente não é seu, pois você não precisa dele. Passe-o a quem você acha que tem o espírito de LIDERANÇA.

15. Líderes são pessoas que sabem guiar, orientar e dirigir pessoas ou grupos, com capacidade, dinamismo e segurança. Junto de você que é líder sentimos seguros e confiamos em tudo o que você diz e resolve fazer. Confiamos muito em você, que é líder, mas o presente ainda não é seu. Passe-o a quem você acha mais JUSTO.

16. Justiça! Foi o que Cristo mais pediu para o seu povo e por isso foi crucificado. Mas não desanime. Ser justo é colaborar com a transformação de nossa sociedade. Mas já que você é muito justo, não vai querer o presente só para você. Abra e distribua com todos, desejando-lhes FELICIDADES !

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

ESCOLA MANOEL GOMES

        Na escola Manoel Gomes é assim. A educação é ação.... A educação é transformação. E é na semana pedagógica que tudo se inicia. Há o encontro dos profissionais reavaliam as ações desenvolvidas no ano Letivo 2012 e apresentam sugestões de trabalho para 2013.


       Em equipes elaboram o Projeto Meio Ambiente que será desenvolvido durante o ano letivo 2013




Com o projeto Meio Ambiente a família Manoel Gomes pretende a sensibilização quanto à conservação e a preservação do meio no âmbito educacional, dentro e fora dos muros escolares. Assim, ao entendermos que a escola reflete a sociedade em que se insere, propiciamos momentos de reflexão aos professores para que, participando de momentos como estes, da Semana Pedagógica compreendam não apenas as individualidades, mas principalmente as personalidades oriundas de todos os segmentos da sociedade, cada qual com suas especificidades, problemas e características.














Para completar a alegria da família Manoel Gomes, a nossa irmãzinha estava aniversariando e pudemos deliciar com ela um bolo de festa... 
Parabéns Evelin!!!!!!!!!!!









domingo, 28 de outubro de 2012


O DISCURSO DOS PROFESSORES SOBRE A FORMAÇÃO CONTINUADA: SALA DO EDUCADOR

Flávia Patrícia

Lindinalva de Oliveira Rodrigues

Zuleica Alves Barrito

 

 

RESUMO: Este artigo tem a pretensão de apresentar a importância que a formação continuada, Sala do Educador, tem para os professores da Escola Gonçalo Botelho de Campos, justamente por acontecer na própria escola e apenas com os profissionais da mesma. Facilitando com isso, a escolha dos temas a serem desenvolvidos, o planejamento de ações e a avaliação qualitativa do trabalho que está sendo realizado em favor do ensino aprendizagem. Quando se refere à formação continuada, são enfatizados os seguintes aspectos do profissional: a formação, a profissão, a avaliação e as competências que cabem ao profissional. O educador que está sempre em busca de uma formação contínua, bem como a evolução de suas competências tende a ampliar o seu campo de trabalho. Segundo o estudioso Philippe Perrenoud, a formação profissional contínua se organiza em determinadas áreas prioritárias. Dentre elas estão às competências básicas que cabem ao educador. Refere - se como áreas de competências, devido cada uma delas abordar várias competências. Para melhor situarmos o leitor, faremos primeiramente uma discussão sobre o que é Formação Continuada, e a respeito da questão discursiva. Após, analisaremos o professor sujeito da e na Formação Continuada, numa das questões apontadas pelas professoras entrevistadas. Concluindo, as considerações finais apontam alguns limites e possibilidades deste espaço de construção pessoal e profissional. No presente trabalho, procuramos na “voz” das professoras, no diálogo com autores que abordam a linguagem  na perspectiva histórico-social, refletir sobre essa formação.




1. Conceito de Formação Continuada

Dentro do contexto educacional contemporâneo, a formação continuada é saída possível para a melhoria da qualidade do ensino, por isso o profissional consciente deve saber que sua formação não termina na Universidade. Formar (ou reformar) o formador para a modernidade através de uma formação continuada proporcionará ao mesmo tempo independência profissional com autonomia para decidir sobre o seu trabalho e suas necessidades.
Nesta perspectiva é que a Secretaria Estadual de Educação e Cultura de Mato Grosso, desde 2003, implantou a Formação Continuada Sala Do Professor, que teve início com os estudos dos Parâmetros Curriculares e atualmente, os profissionais da educação têm garantido, no calendário data específica para a formação do profissional da educação Sala do Educador, e este é um direito que lhes foi assegurado , que aconteça na própria escoa, no seu horário de trabalho, podendo contar como horas atividades e pontos a mais na atribuição de aulas.

Segundo, (NÓVOA 1991, FREIRE 1991 e MELLO 1994) a formação contínua é saída possível para a melhoria da qualidade do ensino, dentro do contexto educacional contemporâneo. Nova o bastante para não dispor ainda de mais teorias nutrientes, provavelmente, ainda em gestação. É uma tentativa de resgatar a figura do mestre, tão carente do respeito devido a sua profissão, tão desgastada em nossos dias. E como afirma Paulo Freire, “ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão da prática”. (FREIRE, 1991: 58). Para Nóvoa, formação permanente é uma conquista da maturidade, da consciência do ser. Quando a reflexão permear a prática, docente e de vida, a formação continuada será exigência “sine qua non” para que o homem se mantenha vivo, energizado, atuante no seu espaço histórico, crescendo no saber e na responsabilidade.
A modernidade exige mudanças, adaptações, atualização e aperfeiçoamento. Quem não se atualiza fica para trás. A qualidade total, a parceria, a globalização, a informática, toda a tecnologia moderna é um desafio a quem se formou há alguns anos. A concepção moderna de educador exige “uma sólida formação científica, técnica e política, viabilizadora de uma prática pedagógica crítica e consciente da necessidade de mudanças na sociedade brasileira” (BRZEZINSKI, in Em Aberto, 1992:83).
O profissional consciente sabe que sua formação não termina na Universidade. Esta lhe aponta caminhos, fornece conceitos e ideias, a matéria-prima de sua especialidade. O resto é por sua conta. Muitos professores, mesmo tendo sido assíduos, estudiosos e brilhantes, tiveram de aprender na prática, estudando, pesquisando, observando, errando muitas vezes, até chegarem ao profissional competente que hoje são.
A Universidade não é o que deveria ser: um centro de criação do conhecimento, de pesquisa e questionamento. O universitário continua passivo, esperando o “ponto” do professor, memorizando e repetindo na prova, que decide a sua aprovação. VASCONCELLOS (1995:19) confirma:
Formação deficitária; dificuldade em articular teoria e prática: a teoria de que dispõe, de modo geral, é abstrata, desvinculada da prática e, por sua vez a abordagem que faz da prática é superficial, imediatista não crítica.
A Universidade também não é nacional nem universal. Não se comunica com a sociedade, não conhece o mundo empresarial e do trabalho, não contribui nem aproveita contribuições de outros setores. Não é universal: desconhece ou não aproveita a evolução e mudanças do mundo da ciência e da tecnologia. Está isolada, repetindo um currículo defasado, inócuo, desinteressante e fechado.
O professor, nela formado, deve ter bastante inteligência, tempo e decisão para superar essas deficiências. Por si mesmo, deve procurar atualizar-se, embasar-se teoricamente, observar a prática, tirar lições e melhorar seu desempenho.
Um professor destituído de pesquisa, incapaz de elaboração própria é figura ultrapassada, uma espécie de sobra que reproduz sobras. Uma instituição universitária que não sinaliza, desenha e provoca o futuro encalhou no passado (DEMO, 1994:27).
O que se percebe é que o professor repete o mesmo currículo de seus antecessores e, assim, a escola continua parada no tempo com alunos indisciplinados e desmotivados, passando conhecimentos que em nada servem para a vida social, profissional e pessoal.
Convidamos aos professores desta Unidade Escolar a uma breve reflexão: que deve fazer o professor consciente e comprometido com seu trabalho? Acreditamos que investir em sua formação, continuá-la para não se frustrar profissionalmente, para poder exigir respeito.
Sabemos que o dia, muitas vezes cheio e estafante não reserva tempo para a leitura, o estudo, a preparação de aula. Os cursos propostos, geralmente aos sábados ou em horários impossíveis, não atraem o professor que, ao menos, nos fins de semana, quer ficar com a família e muitas vezes com os cadernos e provas para corrigir.
Entretanto, “o profissional do futuro (e o futuro já começou) terá como principal tarefa aprender. Sim, pois, para executar tarefas repetitivas existirão os computadores e os robôs. Ao homem competirá ser criativo, imaginativo e inovador” (SEABRA, 1994:78).
Diante desse quadro, não é utopia desejar uma escola de ensino fundamental e médio com equidade, que ofereça bom ensino, que prepare para os desafios da modernidade?
O professor sai da universidade apenas com um diploma. Não está preparado para ensinar, não domina o conteúdo, não conhece metodologias eficazes, falta-lhe estímulo para enfrentar uma classe agitada, indisciplinada, apática e passiva. Os estudos da Formação Continuada têm como objetivo proporcionar momentos para a reflexão da prática pedagógica, embasar o professor teoricamente para que este reflita sobre a sua prática, o que mudar, como mudar?
O Projeto Sala do Educador tem proporcionado melhorias, pois, em nossa escola já incluímos em nossa prática, a tecnologia: TV, vídeo, computador e internet, coisas que antes não considerávamos instrumentos de ensino.
Contudo, apesar dessas melhorias e muitas dessas conquistas do professorado, a escola não avançou o desejável, o nível de ensino continua precário, a desmotivação de alguns professores e alunos atinge um grau significativo.
É necessário que o professor tenha o perfil de um inovador e ALONSO (1994:6) desenha o perfil do novo profissional:
Torna-se um profissional efetivo, em contraposição ao tarefeiro ou funcionário burocrático; Esse profissional terá que ser visto como alguém que não está pronto, acabado, mas em constante formação; Um profissional independente com autonomia para decidir sobre o seu trabalho e suas necessidades; Alguém que está sempre em busca de novas respostas, novos encaminhamentos para seu trabalho e não simplesmente um cumpridor de tarefas e executor mecânico de ordens superiores e, finalmente, alguém que tem seus olhos para o futuro e não para o passado.
Como formar (ou reformar) o formador para a modernidade? Através de uma formação continuada, que, além de reforçar ou proporcionar os fundamentos e conhecimentos de sua disciplina, o mantenha constantemente a par dos progressos, inovações e exigências dos tempos modernos.
ESTEVES (1993:66) aponta algumas características da formação continuada:
Uma ruptura com o individualismo pedagógico, ou seja, em que o trabalho e a reflexão em equipe se tornam necessários; uma análise científica da prática, permitindo desenvolver, com uma formação de nível elevado, um estatuto profissional; um profissionalismo aberto, isto é, em que o ato de ensino é precedido de uma pesquisa de informações e de um diálogo entre os parceiros interessados.
Segundo Nóvoa, mesmo supondo que o professor tenha recebido adequada formação, a atualização é uma exigência da modernidade. Tabus caem, métodos são questionados, conceitos são substituídos, o mundo da ciência, do trabalho, da política, da empresa caminha velozmente para mudanças de padrões e exigências. Se o diploma abre as portas do mercado de trabalho, não garante a permanência nele. Os medíocres, serão preteridos pelos melhores classificados.

Para ESTEVES (1993:98), a formação continuada exige profissionais “conhecedores da realidade da escola, capazes de trabalhar em equipe e de proporcionar meios para a troca de experiências, dotados de atitudes próprias de profissionais cujo trabalho implica a relação com o outro...”.
Ainda, segundo NÓVOA (1992:27), “importa valorizar paradigmas de formação que promovam a preparação de professores reflexivos, que assumam a responsabilidade do seu próprio desenvolvimento profissional e que participem como protagonista na implementação das políticas educativas”.
Já para MASETTO (1994:96), o conhecimento não está acabado; exploração de “seu” saber provindo da experiência através da pesquisa e reflexão sobre a mesma; domínio de área específica e percepção do lugar desse conhecimento específico num ambiente mais geral; superação da fragmentação do conhecimento em direção ao holismo, ao inter-relacionamento dos saberes, a interdisciplinaridade; identificação, exploração e respeito aos novos espaços de conhecimento (telemática); domínio, valorização e uso dos novos recursos de acesso ao conhecimento (informática); abertura para uma formação continuada.
Se a escola não começar a melhorar hoje, amanhã ela continuará a ser o que é. O hoje significa o ensino fundamental. Se nossas crianças não forem alfabetizadas adequadamente, não aprenderem a ler o livro e o mundo, a questionar, criar, participar, exigir; se os métodos não se tornarem ativos, se o conteúdo não se tornar significativo, de nada adianta falar em reforma ou melhoria de ensino em outros níveis. A base é que está viciada e precária. Estamos alfabetizando como há cinquenta anos: repetindo lições, copiando a cartilha, falando uma linguagem incompreensível.
Enquanto isso a criança se agita ou fica quieta. Não fala, só ouve: não pensa, só imita; não constrói, recebe pronto. Se não se investir aqui, no começo, na base, tornando a escola um espaço alegre de criação, descoberta, vivência e solidariedade, trabalho conjunto em que o professor não é o mestre, mas o coordenador e organizador do trabalho, membro de uma equipe de pesquisa e estudo..., a escola continuará na UTI.
É esse o desafio para os professores: reformar desde as bases a escola e prepará-la para a modernidade. Por quê? Porque como nos explicita NÓVOA (1991:29)
Grande parte do potencial cultural (e mesmo técnico e científico) das sociedades contemporâneas está concentrada nas escolas. Não podemos continuar a desprezá-lo e a menorizar as capacidades de desenvolvimento dos professores. O projeto de uma autonomia profissional, exigente e responsável, pode recriar a profissão professor e preparar um novo ciclo na história das escolas e dos seus atores. (NÓVOA, 1991:29).

2. A Fala das professoras
Falando de Formação Continuada, as professoras para se sentirem sujeitos dessa formação, apontaram diversas questões, entre elas: A relação entre teoria e prática, a interação, a necessidade de espaço para discussão após os eventos e o reconhecimento da história profissional dos educadores, como essenciais na Formação Continuada. Abordaremos somente relação teoria prática dialogando com autores na perspectiva da linguagem como construção histórico-social.
O primeiro aspecto da Formação Continuada, considerado importante na percepção do professor é em relação à teoria que está sendo discutidas nas palestras, oficinas e cursos e a sua ação pedagógica. As professoras questionam a contribuição dessa para a sua prática escolar como diz uma professora: "entender o que vai agora fechar com a prática que a gente está fazendo dentro da nossa escola". Isso também é expresso na fala de outra professora: "É, em momento algum a formação permitiu dar conta do dito aluno que não está lendo e não está escrevendo [...] não se permitiu sequer levantar isso daí". As ideias expressam o real, e a mediação é feita fundamentalmente pela linguagem (Vygotsky, 1994).
As falas dos professores muitas vezes assumem o discurso da ideologia dominante, onde a imagem do profissional da educação é denegrida, culpando-os exclusivamente pela situação atual da educação escolar pública. Costa (1995) nos diz:

                                      "Tudo indica que o profissionalismo não é um conceito inocente e politicamente descomprometido. Ele está profundamente implicado na cultura do trabalho docente e nos interesses particulares embutidos nas gestões da sociedade, e tem se sustentado por um discurso forte, legitimado por grupos de elite" (p. 17).

     O discurso ideológico da “culpa por não saber” é assumido quando a  professora entrevistada, coloca: "Para a gente falta muita leitura. A gente as vezes fala: Teoria, teoria! Mas é que a gente acaba tendo a prática e teoria nenhuma" . E o que fundamenta essa prática? Não são as teorias a base para as concepções que direcionam o trabalho em sala de aula?
     Os professores percebem claramente a necessidade de uma base teórica para entender o que é discutido na Formação Continuada. Isso é também expresso na fala quando dizem: "Como a gente precisa estudar mais! Ler mais [...]para saber como é o outro lado. O desejo de compreender o que estava sendo dito, se expressa na manifestação de outra professora: "Me senti muitas vezes perdida, por querer, por ter necessidade de compreender. Mas chegava lá, essas palavras...quebravam aquilo que eu estava compreendendo". A necessidade da reflexão crítica sobre o que e como o discurso teórico contribui para a prática pedagógica do professor, faz com que este sinta a necessidade de mudar, de buscar mais subsídios teóricos.
     Como parte constitutiva do processo da formação, os professores tentam também buscar alternativas procurando entender o significado, do novo ou do que é dito de outra forma:" De eu procurar no dicionário e não descobrir o significado...É, alguma coisa eu desisti, outras eu associava, imaginava o que era aquilo". Bakhtin define a busca da significação da palavra como signo , e que “sem deixar de fazer parte da realidade material, passa a refletir e a refratar, numa certa medida, uma outra realidade” (1992, p. 31). Esses signos são produzidos culturalmente através do pensamento e são construídos na e através da linguagem, que não está pronta e acabada, mas se constitui pela ação e pelo uso que os sujeitos fazem dela.


3. Considerações finais

A formação continuada Sala do Educador já mudou muito a prática da escola Gonçalo Botelho de Campos e apesar das competências e facilidades que a SEDUC oferece com esse curso, alguns professores ainda não se percebem sujeitos e demonstram na fala a angústia, quando não consegue estabelecer a relação entre a prática e a teoria. Sentem um descompasso entre o que falam os palestrantes (teoria) e a realidade da sala de aula (prática). A fragilidade teórica, que deveria na Formação Continuada ter uma atenção especial, faz com que alguns professores se sintam culpados por não estarem entendendo o que está sendo dito e outros percebem as dificuldades em compreenderem o que está sendo discutido. São diferentes dificuldades experimentadas na quebra do diálogo, que ocorre nos eventos da Formação Continuada. Isto é fruto de um referencial teórico frágil e da mistura de diferentes correntes teóricas, colocadas para os professores sem a preocupação de confrontá-las, como coloca a professora:
O que os professores percebem sobre a Formação Continuada, deve ser considerado criticamente pelas autoridades quando planejam e organizam a formação. Sobre o que e como está sendo proposta e organizada para os docentes a Formação Continuada. Pois como coloca Eduardo Galeano: "Quando está realmente viva, a memória não contempla a história, mas convida a fazê-la" (1999, p. 261).

Referências Bibliográficas

ALONSO, Myrtes. Uma tentativa de redefinição do trabalho docente. São Paulo: 1994(mimeo).
BRZEZINSKI, Ria. Notas sobre o currículo na formação de professores: teoria e prática. UNB, 1994.
DEMO, Educação e Qualidade. Campinas, SP: Papirus, 1994.
FREIRE, Madalena. A Formação Permanente. In: Freire, Paulo: Trabalho, Comentário, Reflexão. Petrópolis, RJ: Vozes, 1991.
MASETTO, Marcos Tarciso. Pós-Graduação e formação de Professores para o 3° Grau. São Paulo: 1994 (mimeo).
MELLO, Guiomar Namo de. Cidadania e competividade - desafios educacionais do terceiro milênio. São Paulo: Cortez, 1994.
NÓVOA, António. (org.). Os professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.
_______. Profissão Professor. Portugal: Porto Editora, 1991.
RODRIGUES, Angela & ESTEVES, Manuela. A análise das necessidades na formação de professores. Porto Editora, 1993.
SEABRA, Carlos. Uma Educação para uma nova era. In: Tecnologia e Sociedade. A revolução tecnológica e os novos paradigmas da Sociedade. Belo Horizonte: Oficina de Livros, 1994.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Para onde vai o Professor? Resgate do Professor como Sujeito de Transformação. São Paulo: Libertad, 1995. (Coleção Subsídios Pedagógicos do Libertad; v. l).
LA TAILLE,Yves, OLIVEIRA, Marta K., DANTAS, Heloisa. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em educação. São Paulo: Summus, 1992.
LURIA, Alexander R., LEONTIEV, Alexis N., VYGOTSKY, Lev S. Psicologia e pedagogia. São Paulo: Moraes, 1991.
OLIVEIRA, Marta K. de. Vygotsky. aprendizado e desenvolvimento, um processo histórico. São Paulo: Scipione, 1993.

SMOLKA, Ana L. B., GOES, M. C. R. (Orgs.). A linguagem e o outro no espaço escolar. Vygotsky e a construção do conhecimento. Campinas: Papirus, 1993.

VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.

Revista Nova Escola - Edição Nº 161 - Abril de 2003.




terça-feira, 29 de maio de 2012

VIVÊNCIAS NO ENSINO DA LINGUAGEM


VIVÊNCIAS NO ENSINO DA LINGUAGEM
Elena Roque de Souza Almeida
Pesquisadora, Alfabetizadora,
Professora Formadora do CEFAPRO\Cuiabá

Relato de experiência desenvolvida no decorrer do ano letivo 2008

1- SÍNTESE DA EXPERIÊNCIA 
Esta prática surgiu do desejo de ampliar minhas experiências e conhecimentos adquiridos, a partir de minha prática enquanto professora regente.
Após muitos anos de contato com uma diversidade de cartilhas, livros didáticos, propostas de alfabetização nas mais variadas abordagens, passei a crer na hipótese de elaborar um material que me permitisse a conjugação dos aspectos fundamentais do processo de alfabetização às atividades de rotina escolar (currículo) comuns à escola, ou seja, uma pasta que possibilitasse um apoio mais efetivo para a minha prática diária.
Na busca de um aperfeiçoamento contínuo de minha prática pedagógica, procurei juntar os conhecimentos científicos à minha criatividade e prática, partindo do pressuposto de que as crianças se diferem entre si no processo de aquisição da leitura e da escrita. Dessa forma, procurei dividir as atividades de maneira a atender às necessidades de cada aluno.
Na minha proposta, as crianças são convidadas a escrever, espontaneamente, da maneira que souberem. Assim, posso acompanhar o desenvolvimento de cada uma, a partir da evolução da sua escrita espontânea, além da reflexão sobre os resultados obtidos em cada aula.
Para conhecer minha turma fiz um diagnóstico que me ajudou a reconhecer o ritmo de aprendizagem de cada um e a possibilitar os estímulos necessários ao seu desenvolvimento.
A didática usada para desenvolver este trabalho baseou-se em um recurso próprio criado por mim ao qual chamo de rotina de sala, porque o planejamento diário segue uma rotina, porém com assuntos diferenciados: Recepção; Roda (da novidade, da conversa, da historinha, do conhecimento, da construção); Atividades a serem desenvolvidas separadas por fases da psicogênese; Recreação direcionada; Tarefa de Casa e Despedida.
Cada uma dessas pautas com uma intenção, conforme o objetivo da aula planejada.
  
2- OBJETIVOS DA EXPERIÊNCIA
2.1- GERAL:
Ampliar as condições de aprendizagem ao educando, valorizando sua experiência de vida a se tornarem investigadores, sujeitos autoconfiantes e capazes de resolver situações-problemas no seu cotidiano.

2.2- ESPECÍFICOS:
*Oferecer de forma prazerosa, o exercício da leitura e da escrita com o manuseio de materiais variados, estimulando a percepção sensorial.
*Desenvolver a sensibilidade e a capacidade de ouvir, falar, ler e escrever letras, palavras e textos de acordo com o desenvolvimento das atividades.
*Propor trabalhos individuais ou em grupos, pesquisas, jogos educativos, leitura e produção de textos, considerando o conhecimento que o aluno já possui.
*Oferecer meios para que a criança produza, reproduza, imite, represente e participe desenvolvendo suas habilidades artísticas, interpretando e analisando o contexto dentro de uma seqüência lógica e histórica  onde deve acontecer também a troca de experiência  e a socialização

3- DESCRIÇÕES DA EXPERIÊNCIA
As causas do fracasso escolar na alfabetização resultam de diferentes perspectivas, cada uma tratando o assunto isolado, indiferentemente (psicológica, linguística, pedagógica).
Ao meu ponto de vista, toda prática traz em si uma teoria do conhecimento e é deste princípio que devemos partir para solucionar esse problema, escolhendo uma metodologia que mais se aproxima da realidade do grupo, começando pela Educação Infantil, que muitas vezes é vista apenas como um lazer para as crianças.
Pensando nisso, é que elaborei um material que me permitisse a conjugação dos aspectos fundamentais do processo de alfabetização às atividades de rotina escolar (currículo), ou seja, uma pasta que possibilitasse um apoio mais efetivo para a minha prática diária.
Na busca de um aperfeiçoamento contínuo de minha prática pedagógica, procurei juntar os conhecimentos científicos à minha própria criatividade, partindo do pressuposto de que as crianças se diferem entre si no processo de aquisição da leitura e da escrita.
E dessa forma, dividir as atividades de maneira a atender às necessidades de cada aluno.
No entanto, é preciso ter o apoio por parte dos gestores da escola e eu tive total apoio na Escola Municipal de Educação Básica Tenente Abílio de Moraes, Rua Projetada s/n, Bairro XV de Maio, Várzea-Grande, MT, onde desenvolvi esta pesquisa e experiência.
É importante organizar a decoração da sala de aula junto com as crianças para que possam comunicar-se manuseando textos diferenciados e num ambiente totalmente alfabetizador, decidir a melhor disposição do espaço-ambiente para distribuir os seguintes recursos: uma lista com o nome delas; calendário móvel; calendário fixo para que elas “colem” dele; alfabeto móvel; alfabeto ilustrado; crachás de mesa com o nome delas; cartaz com regras de maneira figurada que serão discutidas pelo grupo e modificadas se preciso for; caixa de novidade; cartazes com poesias, músicas; biblioteca da sala com livros de histórias, poesias gibis, revistas; jornais, contas velhas de luz e de água, bulas de remédios, receitas.
Para cada aula a preparação de uma recepção com música e oração; roda,de acordo com o tema da aula: numa caixa enfeitada, coloca-se um objeto ou fruta ou brinquedo,etc., e começa a instigar a curiosidade das crianças e seu raciocínio, apresentando dicas, como por exemplo, nesta caixa, hoje, temos um brinquedo e é de preferência dos meninos..., se ninguém acertar, outra dica, começa com p e termina com a... se ninguém acertar, continua com dicas... ela voa, tem rabo, mas não é pássaro, se ninguém acertar vai dando dicas até que alguém acerte... para brincar com este brinquedo o menino precisa de um fio bem longo....
               Esta atividade lúdica já é uma introdução para a aula. A qual a seguir, entramos nas atividades:
1- Oralidade:
- Quem adivinhou o nome do brinquedo que estava na caixa de novidade?
- Qual era o brinquedo?
- Quem já viu uma pipa?
- Como se brinca com uma pipa?
- De que é feita uma pipa?
- Quem quer contar uma história sobre pipa?

2- Artes:
- Se alguém contar a história pede-se que vá fazendo os gestos, se não tiver ninguém para contar a professora conta e estimula os alunos para irem representando sua fala.

3- Escrita:
- Vamos desenhar a pipa?
- Gostaria que cada um escrevesse do seu jeito, a palavra pipa.
- Com qual letra começa a palavra pipa?
- Qual é a letra final da palavra pipa?
- Quantas letras tem a palavra pipa?

4- Fechamento:
- Veja a forma correta como se escreve pipa. (a professora mostra uma ficha com a palavra pipa).
- Vamos ler (a professora pronuncia de maneira bem clara para que percebam o som).
- A palavra pipa inicia com a letra “p” e termina com a letra “a”.
- Quais palavras vocês acham que começam com a letra p? a professora vai listando todas as palavras, mesmo aquelas que não iniciarem com a letra p, depois vai mostrando uma a uma para que as crianças façam suas comparações, até que percebam as semelhanças e as diferenças.
 - Agora, copiem desta forma no caderno de vocês.
- Observem que na palavra se repete duas vezes a mesma letra. É a letra “p”, uma vez aparece com a vogal “i” onde se lê “PI”, depois aparece com a letra “a” e se lê “PA”.
- Vamos ler com a letra “p” com as outras vogais? “p” com “e” “PE”, “p” com “o” “PO”, “p” com “u” “PU”,p com ao” “PÃO”.
- E formamos a família silábica: PA, PE, PI, PO, PU, PÃO.

5- Recreação:
 - Confecciona uma pipa (sem armação, usando apenas papel e barbante) para brincar com ela no pátio da escola.

6- Tarefa:
-Recorte e cole no seu caderno as letras que formam a palavra pipa e vai falando nome de cada uma.
- Perguntar ao papai se ele já brincou com uma pipa e pedir que lhe conte a história dele com a pipa (aproveitar tanto para desenvolver a oralidade como para aproximar filho/a de pai)

7- Despedida:
- criar paródia de uma música com a palavra pipa e cantar com as crianças.
- Comentar sobre os materiais usados para confeccionar uma pipa de verdade.
- Explicar sobre os cuidados que se deve ter ao brincar com pipa.
 A próxima aula pode iniciar com a música sobre PIPA. Faz a oração. Faz a roda do conhecimento, onde a professora apresenta um cartaz com outras palavras que começam com p (com seus respectivos desenhos); pode também construir um texto coletivo aproveitando os comentários que as crianças fizerem sobre a pipa.
Explorar bem a palavra pipa em diversas situações.
De acordo com cada tema construir junto com as crianças algo que represente a palavra-chave em estudo, podendo ser com dobraduras, materiais usados, entre outros materiais.
Uma atividade que as crianças adoram, é descobrir o nome dos desenhos. Peça que escolham um desenho para encontrarem seus respectivos nomes. (material confeccionado com figuras conhecidas e letras recortadas de embalagens).

4- CONTEXTUALIZAÇÃO: 
 O presente trabalho aborda a construção do saber, enfocando dois aspectos principais: a importância das atividades artísticas na constituição do sujeito e a gestão da aprendizagem como construção do saber.
A escola, terreno fértil de aprendizagem, diversas, constitui o espaço privilegiado, para as manifestações de ordem afetiva, social e cognitiva dos sujeitos em enfrentamento do outro e da cultura.
Por meio do enfrentamento do outro, são aprendidas as regras básicas de convivência da sociedade, indispensáveis a sobrevivência social. Também nesta condição de enfrentamento, pela via de variadas formas de meditação, ocorre a aquisição de instrumentos conscientes e estimulação à aprendizagem cognitiva.
Se a escola permite o desenvolvimento de atitudes e o acesso aos conhecimentos que torna as pessoas mais aptas a interagir no espaço da sociedade, ela se faz, então, ferramenta indispensável para todas as crianças, até mesmo aquelas consideradas “com dificuldades de aprendizagem”.
A orientação proposta nos Parâmetros Curriculares Nacionais reconhece a importância da participação construídas do aluno e, ao mesmo tempo, da intervenção do professor para aprendizagem de conteúdos que favoreçam o desenvolvimento das capacidades necessárias á formação do individuo.
Isto me faz entender a concepção de que o ensino e aprendizagem como um processo não se desenvolve por etapas em que a cada uma delas o conhecimento é acabado, o que se propõe é uma visão da complexidade e da provisioridade do conhecimento.
A criança é vista como um ser ativo que, agindo sobre os objetos de conhecimento e sofre as influências dos mesmos ao mesmo tempo em que interioriza vários conhecimentos a partir de sua ação.
Sabemos que, na construção do conhecimento pelo individuo, estão presentes aspectos internos e externos a ele e que é no âmbito dessas estruturas que o sujeito constrói o conhecimento e, portanto, aprende.
Dentro dessa perspectiva, a criança é vista como um indivíduo que traz conhecimentos decorrentes de suas estruturas cognitivas, das suas aprendizagens e experiências vividas, assim como também os recebe do meio ambiente.
E é nessa interação interpsíquica (dentro de si próprio) e inter-idéias (com o meio e com os outros) que os conhecimentos ou aprendizagens são construídos.
Sendo assim, o individuo vai formando seu intelecto aos poucos, interagindo com o mundo, tornando-se cada vez mais autônomo, construindo e buscando o conhecimento dentro de seu ritmo, seu interesse, suas necessidades e possibilidades.
O sujeito age sobre o objeto e o meio numa interação marcada por trocas recíprocas com e entre ambos.
“A aprendizagem, ocorre dentro de um processo amplo da Língua Portuguesa”. Esse enfoque coloca necessariamente um novo papel para o professor, o de mediador do conhecimento.
Sendo assim, o professor pode interagir na construção do saber, ajudando as crianças no processo de aquisição de conhecimento, oferecendo a elas condições de ampliar sua concepção de mundo.
Para tanto, é necessário que todos os educadores dominem e tenham conhecimento profundo das teorias que explicam a construção da inteligência e os processos de aprendizagem para que possam realizar mudanças significativas e eficientes na prática pedagógica e nas suas propostas didáticas.
Toda teoria é construída num cenário cultural, nunca por um teórico individual. A teoria é o produto de estudos de educadores comprometidos com o seu trabalho, das suas reflexões e experiências. (Piaget, 1982)
A concepção teórica que marca este trabalho é a construtivista sócio - interacionista, muitas vezes denominada por outros autores de sociointeracionismo ou socioconstrutivismo.
A teoria construtivista sociointeracinista considera que o conhecimento é construído pelo individuo, num processo contínuo e dinâmico do saber, ao longo de sua história de vida, na interação com o meio onde vive e com as pessoas com as quais convive: na família, no bairro, na comunidade, na escola, etc.
              Sugere-se para professores que os textos sejam trabalhados por meio de atividades lúdicas que extrapolem a listagem de conteúdos: dramatizações, leituras interpretativas e músicas que em especial, prestam-se atividades de seleção de palavras para a construção de novas rimas.
Ao cantar, desencadeamos um estado de reflexão, provocamos sentimentos, sonhos, emoções. Uma conversa com as crianças lhes dará oportunidade para que descrevam as imagens que criaram ao ouvir ou cantar uma música. Todo esse trabalho de imaginação pode resultar em interessantes textos e criações, sem forçar mecanicamente o decoreba de sílabas e palavras soltas.                                 
O homem é um ser essencialmente social e histórico que, na sua relação com o outro, em uma atividade   pratica comum, intermediada pela linguagem, se constitui e se desenvolve enquanto sujeito. (Maria Tereza de Freitas, Vygotsky & Bakhtin. São Paulo. Ática . 1994).
A música propõe a integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, cognitivos, bem como a interação e a comunicação social, sendo uma das formas fundamentais para a expressão humana.
A mímica, os gestos e a dramatização representam muitas vezes a descrição de uma situação.
Para Vygotsky (1984, p.62) o contato com outras crianças, com adultos, com os meios de comunicação, enfim tudo o que a circunda e estima, aumenta seu repertório e atos significativos ao mundo que a cerca e à leitura de mundo.
De acordo com Wallon,
“A criança vive quase tanto das suas relações humanas como da sua alimentação material.” “(...) Há uma ligação indissolúvel, a partir de certa idade, entre o desenvolvimento psíquico do indivíduo e o seu desenvolvimento biológico” (Wallon, 1995, pg. 206).
Emília Ferreiro (1986, p. 5) acredita que os alunos em fase de alfabetização já tentam interpretar os diferentes portadores de textos com as quais entram em contato e que estão comumente ao seu redor. Esses portadores de textos devem fazer parte do universo escolar e da mesma maneira que eles fazem parte do meio, da vida, do cotidiano de cada um.
Para Vygotsky, as ações imitativas oportuniza a criança realizar ações que estão além de suas próprias capacidades, o que contribui para o seu desenvolvimento.
Vygotsky afirma ainda que cada função psíquica no desenvolvimento cultural da criança aparece duas vezes: primeiro no social, como categoria interpsicológica; e depois, no interior da criança, como categoria intrapsicológica (interna). Por isso, explica que a brincadeira é um domínio de atividade infantil que tem claras relações com o seu desenvolvimento, pois a criança é capaz de agir num mundo imaginário, no qual o significado é estabelecido pela brincadeira e não pelos elementos mais concretamente presentes.
Os estudos de Piaget e Vygotsky levam-me a refletir sobre o significado da ludicidade.
A ludicidade, não se prende a uma forma específica (jogo), nem a um objeto específico (brinquedo). Ela é uma interação subjetiva com o mundo e com as pessoas – a socialização de informações e da própria ludicidade. Por isso, é importante que as atividades lúdicas invadam as práticas docentes na sala de aula, aproveitando todos os momentos para proporcionar aos alunos o acesso ao desenvolvimento e ao conhecimento, porque ler e escrever são ações decorrentes da função simbólica” (Vygotsky, 1989, p83).
Para Piaget, a criança constrói a inteligência através de sua ação. A intervenção do professor encontra-se no centro da relação sujeito-objeto.
Para Magda Soares, acriança precisa codificar e decodificar a leitura. Isto é, ler e interpretar o que leu. Por exemplo, Ela precisa sabe que está escrito “O boi baba”, mas também precisa compreender por que o boi baba.
Na explicação de Magda Soares, ela mostra que a criança tem que ir além da conceituação. Por exemplo, além de saber que “O rio é uma quantidade de água que corre entre terra”, precisa saber sobre sua nascente, para que serve como conservar e preservá-lo.
"(...) uma teoria coerente da alfabetização deverá basear-se num conceito desse processo suficientemente abrangente para incluir a abordagem "mecânica"do ler/ escrever; o enfoque da língua escrita como um meio de expressão/ compreensão, com especificidade e autonomia em relação à língua oral; e, ainda, os determinantes sociais das funções e fins da aprendizagem da língua escrita."(SOARES,Magda 2003).
Freire (1978, p. 39) também se mostra favorável de que aprender ler e escrever, não deve ser uma manipulação mecânica das palavras, mas uma relação dinâmica que vincula linguagem e realidade.
Portanto, se a intervenção é uma relação mediadora entre o sujeito e o objeto na construção do conhecimento, da inteligência e esse mediador é o professor, cabe a nós, ampliar os nossos conhecimentos teóricos para por em prática, ações que concretizem a construção do saber que só serão possíveis com realização de estudos. E como se afirma neste trabalho, estudar as teorias de Piaget, Vygotsky, Wallon, Emília Ferreiro e Magda Soares, fundamentará a prática pedagógica para uma aprendizagem significativa.
              


5- JUSTIFICATIVA 
Pensando em contribuir com a diminuição do fracasso escolar na alfabetização, é que criei esta forma de alfabetizar, reunindo recursos para trabalhar de maneira lúdica, construtiva e inovadora, planejando atividades de acordo com as necessidades de cada aluno, experimentando novas formas de propor atividades, fugindo do tradicionalismo, oportunizando o diálogo e a troca de experiências em que a criança pudesse esclarecer suas dúvidas, criar suas hipóteses, sentir-se sujeito no processo, incentivando, com isso, a participação espontânea e construir seus próprios conhecimentos.
           
 6- RESULTADOS OBTIDOS 
Percebe-se visivelmente o sucesso no desenvolvimento afetivo, emocional e cognitivo das crianças da Educação Infantil, de cinco anos de idade, que já no início do terceiro bimestre encontram-se no nível silábico e alfabético. Isto é, alguns lêem bem qualquer coisa, outros ainda apresentam poucas dificuldades em reconhecer algumas palavras com sílabas complexas.

 7- AVALIAÇÃO
Avaliação deve ser contínua, respeitando e valorizando toda e qualquer produção do aluno, buscando a garantia de melhorar a relação social, elevar a auto-estima e assim, conquistar seu sucesso escolar.

9- CONCLUSÃO
Este é o trabalho desenvolvido no ano letivo 2008 com a turma da Educação Infantil, de cinco anos da Escola Municipal de Educação Básica Tenente Abílio de Moraes. O qual me tornou possível promover diferentes situações de escrita e de leitura eminentemente construtiva.
 Portanto, observou-se que a criança aprende a partir de uma necessidade lógica experimentada por ela mesma, começando assim, perceber, discriminar e descrever os sons da língua, ou seja, tenta escrever as palavras de maneira fiel à sua pronúncia, tornando não só escritoras, mas também leitoras de mundo, elevando com isso, sua autoestima.
  
8- Referências

FERREIRO, Emilia e TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.

FREIRE, Paulo. Cartas a Guiné-Bissau: registros de uma experiência em processo. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1978. 

PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. 

SOARES, M.  Letramento:  um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998b.
Soares, M. Alfabetização e Letramento, Caminhos e Descaminhos. .Pátio, 29, 2004,  p. 19-22.

VYGOTSKY, LEV S.  A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 3ª.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989. 168p. (Coleção Psicologia e Pedagogia. Nova Série).

WALLON, Henri. A evolução psicológica da criança. Lisboa, Portugal: Edições 70, 1995.