quinta-feira, 7 de outubro de 2010

PONTOS DETERMINANTES FORAM LEVANTADOS NO ENCERRAMENTO DO PROJETO SALA DE PROFESSOR NA ESCOLA SALIM NADAF
Formadora Elena Roque


O processo de desenvolvimento da prática do projeto Sala de Professor na Escola Salim Nadaf, oportunizou aos professores situações com as quais a escola ainda não possuía tranqüilidade em lidar.

Inicialmente, foi realizada através do grupo de discussões e debates, uma reflexão com o grupo de professores e do eixo administrativo sobre a política de ensino Ciclo de Formação Humana, para detectar as dificuldades mais acentuadas que afetam o desempenho geral dos profissionais dessa Unidade Escolar.

Nessa oportunidade, foi constatada a situação de conteúdos desarticulados, incompletos, desestruturados e incompatíveis com a disciplina ministrada. Dentro desse quadro de precariedade, foi organizada uma série de atividades articuladas com as áreas de conhecimento que compõem o currículo escolar, as quais resultaram na realização de modificações e tomadas de decisões quanto aos procedimentos metodológicos. Com debates, palestras e reflexão conjunta, tanto os (as) professores (as) organizados por currículo por atividades como os (as) profissionais do eixo administrativo, puderam rever suas práticas metodológicas, incluindo também, possibilidades de utilização de atividades motivadoras de aprendizagem.

Cabe mencionar ainda, que durante o período de desenvolvimento do projeto, os (as) professores também puderam rever suas práticas pelo constante esforço demonstrado em articular os procedimentos da metodologia com o universo mais amplo da aprendizagem. Isso foi possível graças à compreensão de todos em incluir na sua vida profissional a concepção crítico-reflexivo como pressuposto que atribui à formação do educador, a qualidade de auxiliar a sua autonomia na dinâmica de formação "auto- participativa". Nesse contexto, os professores reviram a sua prática, articulando os procedimentos da metodologia com o universo mais amplo da escola.

Ressaltamos que o desenvolvimento da compreensão dos mesmos sobre o seu trabalho pedagógico, a partir da visão interdisciplinar do conhecimento, se processou de forma bastante tímida. Os professores reconhecem a importância de romper com as posições pedagógicas cartesianas para fazerem dialeticamente a relação necessária entre as disciplinas que compõem o currículo escolar e a realidade concreta da vivência do aluno, porém compreendem que precisam caminhar ainda muito nessa direção.

Tentamos passar aos (às) professores (as) a importância do ato reflexivo no dinamismo da prática pedagógica através da reflexão conjunta durante toda a realização do trabalho em oposição à racionalidade técnica. A proposta de trabalho conjunto dos (das) professores (as) e o desenvolvimento das atividades planejadas de forma integradas , foram situações concretas com as quais esses (as) profissionais procuraram lidar, para aos poucos, consolidarem o hábito de trabalhar de forma mais orgânica. A compreensão da necessidade de romper com as tendências fragmentadas e desarticuladas do modo de conceber o processo de conhecimento ficou evidenciada, uma vez que os professores conseguiram, mesmo com limitações, reelaborar os saberes iniciais em confronto com suas experiências práticas.

Segundo NÓVOA (1992) "a racionalidade técnica do trabalho dos professores como mero aplicadores de valores, normas, diretrizes e decisões político-curriculares, aponta para a importância da reflexão sobre a ação".

Foi por esse viés que tentamos trabalhar a "reflexão-ação", como processo para chegar à visão interdisciplinar do trabalho pedagógico.

Essa compreensão crítica colabora para a superação da desarticulação do conhecimento, que vem colocando o ensino como processo reprodutor de um saber parcelado que muito tem refletido nas relações de trabalho e na predominância da desvinculação do conhecimento do projeto global da educação e da sociedade.

O trabalho compartilhado entre os grupos homogêneos e/ou heterogêneos em torno das áreas do conhecimento predominou ao longo da realização da experiência.

Portanto, a tentativa de buscar um saber mais relacional numa atitude crítica, e "diminuir a compartimentalização de disciplinas autônomas" (FAZENDA,1992:45), foi válida aos professores (as) da escola Salim Nadaf como experiência inicial.

Inter-relacionar conteúdos de matemática, português, história, geografia, etc, em torno de uma temática central, foi uma das atividade mais importantes desenvolvidas para a realização da integração de conhecimentos, dando-se um caráter "interdisciplinar" ao fazer pedagógico daqueles professores, tanto a nível de planejamento como a nível de sala de aula e processo de avaliação.

Consideramos que ser "crítico-reflexivo" no processo pedagógico significa trabalhar os conteúdos das várias disciplinas de forma mais indagadora e não linear.

Assim, utilizando-se da colaboração de vários autores sobre a questão da interdisciplinaridade, pode-se fornecer aos (às) professores (as) os meios que facilitam as dinâmicas de formação "auto-participada".

Nessa perspectiva impõe-se como condição indispensável a conquista da "autonomia".

Quanto ao tópico referente às "relações sociais e humanas", o mesmo foi desenvolvido de várias formas toda vez em que se tocava no assunto da atual política educacional, Ciclo de Formação Humana Primeiro, eram analisados os aspectos básicos, tais como: a situação das relações sociais e humanas na "sociedade tecnológica"; os conceitos de "relacionamento inteligente" e "autoridade negociada" sob a ótica de Anthony Giddens; a comunicação cognitiva e emocional.

Consideramos estes aspectos essenciais porque os mesmos estão relacionados com o "princípio de autonomia", ou seja, as relações entre as pessoas hoje são moldadas tanto pela autonomia psicológica como também pela material, e constituem um dos domínios da chamada "democracia dialógica" (segundo GIDDENS, 1996: 134-138).

Sobre a outra forma, foram abertos espaços para debates nas áreas específicas, principalmente sobre a situação concreta em sala de aula da autoridade negociada e questões da comunicação. Nestes espaços, mais do que sanarem as dúvidas, os professores tiveram a oportunidade de questionar e revisar suas atitudes em termos de relacionamento com os alunos.

No final dos encontros alguns professores (as) afirmaram terem começado o desenvolvimento de novas relações humanas não só com seus alunos, mas também com os colegas. Reconheceram a importância do diálogo na construção de um ambiente democrático, e passaram a deixar de lado o autoritarismo em favor da "autoridade negociada" com seus alunos, através da qual o professor torna-se "um líder de dentro, não um ditador (por mais benevolente que seja) de fora" (DOLL Jr., 1997: 184).

Concluíram também, sobre a necessidade de se trabalhar constantemente essas questões, bem como do papel das mesmas no ambiente escolar num momento em que os aspectos sociais e emocionais estão em evidência, devido a um contexto cuja marca é a racionalidade técnica e conseqüentemente predominam a efemeridade das interações, o estranhamento polido, a desatenção com o outro e o "olhar de ódio" (conforme salienta GIDDENS, 1991: 83-86).



 
 
 
"Teoria e prática caminham no mesmo sentido, são interligadas. Uma não funciona bem sem a outra"
 
 
 
 
 
"O estudo engrandece o ser e enriquece a prática"

"Só os humanos possuem o poder da razão" 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Seguindo em grupo, chega-se ao objetivo almejado"

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